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Tecnologia BIM no Brasil
1.Considerando sua experiência e percepção sobre tecnologia aplicada a profissão: como considera a situagao atual no Brasil?
Podemos considerar a situação longe do "ideal" (seja la o que for), mas na verdade não muito diferente dos outros países, e as questões relativas ao BIM estando no mesmo pé que, digamos, nos países europeus. Por tanto, "atualizada" me parece adequado.
2. Considerando sua experiência e percepção sobre tecnologia aplicada a profissão: como considera a atuação acadêmica no Brasil?
Deveria estar a frente, mas não esta, e está basicamente na mão dos vendedores.
3. Considerando sua experiência e percepção¢ao sobre tecnologia aplicada a profissão: como considera a situação no mundo?
No mesmo pé que o Brasil, basicamente. Com alguns a frente, a muitos (os mais pobres, basicamente) atras...
4. Considerando sua experiência e percepção sobre tecnologia aplicada a profissão: como considera a atuação acadêmica no mundo?
Não tenho muita opinião.... Muito se fomenta, muito se escreve, mas é difícil sentir uma influença, visto o domínio quase total que o mundo comercial possui sobre o tema. Uma coisa pode ser dita, deveriam ser os primeiros a questionar esse domínio, e não fazem muito isso...
5. Considerando sua experiência e percepção sobre tecnologia aplicada a profissão: a importância dada a tecnologia na profissão tem investimentos suficientes no Brasil?
Acho que não é nem um pouco uma questão de investimentos.
6. Para software livre BIM no mundo, quais você conhece? A utilização pratica pode ser identificada? Quais são?
A questão me parece difícil de entender... FreeCAD, BlenderBIM, Topologic, IFC++, Ladybug, CodeAster, Speckle, Sverchok, e tem muito, muito mais. A utilização pratica me parece claramente identificada para cada um, mais provavelmente nado é o que esta sendo perguntado aqui. Se for "o quanto esses softwares são usáveis numa pratica comum", eu diria todos eles, claramente. Vários escritórios de arquitetura e engenharia pelo mundo usam eles diariamente (ARUP, Bond Bryan,...). Mas a usabilidade "imediata"” desses softwares para arquitetos e engenheiros é uma questão muito complexa, e ao meu ver nado é uma questão certa. Se a gente espera que uma aplicação livre esteja "ao par" com outros aplicações comerciais, esse momento provavelmente não chegara nunca. Não existe nem interessa esse tipo de competição ou comparação do lado do software livre. Mas, tendo em conta que esses software todos não precisam ser "adotados", não precisa "migrar", pode (e deve) ir conhecendo, aprendendo, e incorporando aos poucos, a utilização pratica é algo que crescera junto.
7. Na sua experiência em software livre BIM utilizados no Brasil, quais podem ser indicados e para que grupo de atuação na arquitetura e urbanismo?
Existem coisas Uteis para absolutamente todas essas áreas. Mas mais uma vez, a ideia quando se fala em software livre nado é fazer uma migração radical, mas integrar componentes livres ao seu fluxo de trabalho.
8. Para software livre para outros usos (nao para BIM) no mundo, quais você conhece? A utilizagao pratica foi identificada? Quais são?
Firefox, Thunderbird, LibreOffice, Blender, Inkscape, GIMP, Nextcloud, Git são os que mais uso... Não vou fazer uma descrição de cada um aqui, bastaria dar um google, mas esses são todos softwares bem comuns, bem conhecidos, bem sólidos e comprovados, multiplataformas (Windows, Mac, Linux e muitos deles até em dispositivos móveis), que são usáveis imediatamente em qualquer ambiente profissional.
9. Na sua experiência em software livre para outros usos (não sendo BIM), utilizados no Brasil, quais podem ser indicados e para que grupo de atuação na arquitetura e urbanismo?
Os que citei acima... Servem para qualquer ambiente profissional, não apenas BIM.
10. Com relação aos problemas dos profissionais, quais você identifica como mais urgentes para serem tratados / solucionados?
No caso especifico do Brasil, eu diria que o grande problema é 0 alcance extremamente reduzido... Arquitetos e engenheiros tocam apenas 15% das obras do pais, segundo a ultima estatística que vi. Falta conscientização, flexibilização, organização e politica... E na verdade, a questão não é muito diferente no resto do mundo. São profissões que dependem e atendem principalmente ao mundo rico.
11. No que a tecnologia pode contribuir para melhorar os problemas atuais na profissão de arquiteto e urbanista no Brasil a longo prazo? Que investimentos considera fundamentais?
Ajudar profissionais a trabalhar com projetos de custo reduzido, diminuir a dependência na industria e tecnologias caras, sair do circulo vicioso "a tecnologia é que vai resolver os problemas causados pela tecnologia". Para resumir, não sei se 6 uma questão de tecnologia... Talvez seja justamente o contrario.
12. Como o CAU pode colaborar?
Aproximar pessoas comuns da pratica de construir e dos profissionais, expor, explicar, mostrar como é a pratica da arquitetura, ajudar as pessoas (clientes) a terem mais voz no processo do projeto e da construção (dai o interesse grande do software livre), sintam mais direitos próprios nos seus projetos, esclarecer questões ambientais, reduzir a dependência dos profissionais em soluções tecnológicas caras e restritivas, ajudar o mundo acadêmico a resistir ao lobbying.
13. Indique bons exemplos de uso de tecnologia na profissão que você conhece. Nome, responsável e local.
Wikilab, São Bernardo, SP; Casa circular, São Paulo
14. Criar uma premiação da área, para qual aspecto seria interessante? Uso de tecnologia para solução de problemas, concurso de ideias para aplicativos, outros
Algo que consiga juntar projeto participativo, uso/reuso de tecnologias, proposta sustentável?
15. Considerando que os softwares de modelagem estão sem as configurações para as normas Brasileiras, Este esforços de adaptação seria relevante? Qual a importância deste tema? Como você enxerga hoje esta necessidade?
Não me parece uma questão relevante. Milhares de profissionais usam plataformas (BIM ou não) que não tem "configurações para as normas Brasileiras", isso ha anos e sem problema muito grande. Na verdade, em um ambiente profissional, adaptar para "as normas do SEU escritório” é geralmente algo bem mais importante que adaptar para normas Brasileiras. Mas isso seria uma questão interessante a desenvolver: Quais são essas normas Brasileiras que deveriam ser incluídas em softwares? Porque se for nomes de layers e coisas assim, ja foi dito e feito bastante no passado, com pouco efeito real... Agora, imagine bibliotecas de símbolos, objetos, documentos, etc... corretamente dimensionados e formatados para uso em projetos brasileiros, e em formatos abertos usáveis por todos os aplicativos?
16. Na sua atuação profissional atualmente, identifique softwares e seus usos (considerando o seu uso continuo). A troca de software demanda tempo e treinamento, você já fez essa mudança? Como foi sua experiência?
A chave quando se troca de software é ser progressivo. Se trocar de software quebra seu fluxo de trabalho, vai gerar frustração enorme e ser uma péssima experiência. Note que isso vale tanto quando migramos para software livre quanto para outro software proprietário. O software livre, justamente, por não custar nada, permite levar o quanto tempo for necessário e fazer uma migração solida, durável, sustentável. Pode ser instalado em todas as maquinas do escritório, e usado aos poucos, identificando pontos onde for mais usável, e formando seus profissionais ao mesmo tempo. Em pouco tempo, aparecerão operações que são mais vantajosas em outro software, e a migração acontecerá aos poucos. Usar ambos lado a lado permitira também sempre manter o controle sobre os seus arquivos, fluxo de trabalho e resultados e entender como produzir arquivos de melhor qualidade, compatíveis com vários softwares.
17. Sobre visualizador de modelos livres em BIM que você usa ou ja viu sendo utilizado. Indique nomes e€ usos.
IFC++ 6 0 que mais uso. E rápido e sólido. Se um arquivo abre IFC corretamente nele, considero esse arquivo perfeito Considero que a culpa se der problema depois é do software que abre, nao do software que produziu (saber isso já6 50% do problema resolvido)
18. Considerando sua experiência e percepção sobre tecnologia na profissão: a área de tecnologia de materiais pode ser agregada a este grupo de estudos sobre tecnologia como um insumo? Tais como normas e padronizações.
Eu diria não agregar como insumo, porque é uma área vasta demais. Melhor conectar. Vincular. Compatibilizar. Usar os mesmos protocolos. Ou, num primeiro passo, descobrir como.
19. Considerando sua experiência e percepção sobre os problemas de implantação de tecnologia BIM em escritório . Quais os principais pontos a destacar? Dificuldades e possíveis soluções.
Ninguém consegue explicar direito o que é BIM, isso é fato A maior parte dos profissionais pensa que "BIM é 0 que o Revit faz’. Para muitos, passar para o BIM basicamente significa "vou ter que gastar significadamente mais e por tanto aumentar meus preços significadamente’, sem perceber vantagem muito maior do que a lorota dos vendedores ("você vai optimizar muito"), que todo mundo sabe que na realidade não se traduz em redução de custos nenhum. BIM significa projeto mais caro, isso é a triste realidade em 99% dos casos. Deveria ser feito um trabalho de desconstrução desse fato, simplificar a ideia do BIM, decompor em varias partes simples, por exemple "modelar em 3D", "agregar meta-dados aos seus projetos’, "usar formatos abertos", que poderiam ser incorporados aos poucos, permitindo que os profissionais mantenham o controle sobre os próprios custos.
20. A tecnologia para uso no conselho, ou governamental, ou para os arquitetos. Como você vê cada um desses trés ângulos de atuação?
Mais alto a esfera, mais politica poderia (deveria) ser a atuação, mas basicamente tem que ser politica a todos os níveis. Não ceder ao lobbying, analisar as necessidades, requerimentos, usar soluções que não vinculam tudo a uma empresa só, sempre ter o controle sobre as tecnologias usadas, tornar esse controle um requerimento imprescindível, favorecer formatos abertos e intercambiáveis, ser quem usa o mercado (se for o caso) e nado ser usado pelo mercado. Não apelo para um mundo onde "tudo deve ser software livre" (embora não parece uma ma ideia ) mas muitas das ideias usadas no software livre deveriam orientar politicas publicas, tais como manter a independência de plataformas ou fornecedores, poder trocar de solução, poder exercer um controle ou auditoria sobre as soluções usadas ou promover a interoperabilidade.
21. Considerando o período atual de mudanças tecnológicas: como este fato pode afetar a profissão? Considerando a transição de carreira, atuação e atribuições, além das diferentes gerações x aderência tecnológica.
Não me parece ter algo particular no momento atual. A "transição para o BIM" é um falso problema. Não tem tanta diferença quanto os vendedores BIM falam, assim como não tinha entre o desenho em papel e o CAD. Elementos do BIM podem ser incorporados aos poucos, tem muito para aprender, descobrir, usar, melhorar. São questões intemporais.
22. Gostaria de contribuir com novas ideias? Quais?
Uma "desconstrução" do tema BIM em subcomponentes me parece uma excelente maneira de atacar todos os problemas ao mesmo tempo: Como identificar partes que combinam melhor com tal ou tal software livre, como ajudar profissionais a adotar aos poucos, como manter a convivência com os guerreiros vendedores de software proprietários, e como o CAU mesmo por o pé firme no assunto.